quarta-feira, outubro 31, 2007

Outono. Outubro.

Neste Outubro caiu uma das últimas folhas caducas do Aeroporto de Santa Maria: no dia 25 entrou em vigor a emenda ao AIP Portugal que define o horário de abertura deste aeroporto como sendo das 06:30 às 21:30. No período de encerramento, o aeroporto continua a acolher aeronaves desde que paguem uma taxa de reabertura (guia de taxas e portaria nº 666/2007).
Com esta medida, o Aeroporto de Santa Maria aproxima-se ainda mais de uma gestão pautada por práticas de empresa privada do que de "good old" empresa pública. Possivelmente, não teria de limitar o seu horário de abertura para justificar o pagamento de taxas no período nocturno. Mas, com esta medida, mata dois coelhos: recebe as taxas de reabertura, prolongamento ou antecipação e reduz nos encargos com os seus funcionários. É assim na vida real das empresas. Há que fazer pela vida, diria Socrates. Um deles.
Mas, como qualquer Outono, é apenas mais uma etapa para uma nova primavera. Como qualquer árvore, precisa de se preparar para reflorescer. A empresa ANA estará apenas a zelar pelos seus intreresses comerciais e pela valorização dos postos de trabalho dos seus funcionários numa análise técnica, serena e realista do novo tráfego aéreo no Atlântico Norte.
Vejamos:
Há mercado. O número de clientes deste aeroporto é cada vez maior. Cada vez mais aeronaves atravessam o Atlântico e, escalando os Açores, é tanto que poupam em tempo e combustível que compensará pagar taxas de reabertura;
Existem apenas dois aeródromos capazes de receber qualquer aeronave: Lajes e Santa Maria. Ponta Delgada, Horta e Pico também podem receber aeronaves de grande porte. No entanto, Ponta Delgada começa a ficar congestionado com o seu próprio tráfego e a Horta e Pico não têm os serviços nem as condições necessárias;
O aeródromo das Lajes é uma infraestrutura militar com Aerogare Civil gerida pelo Governo Regional. Como tal, não pode - regulamentar, política e moralmente - competir com uma infraestrutura de gestão "tendente a privada".
Com isto, e como já o referi num outro post ("Aviação - sector tradicional"), cabe a Santa Maria preparar-se para essa primavera. Por mais parca que seja, será, com certeza, mais real do que outras que tivemos.

PS. O Notam que adia o encerramento às 21:30 até 30 de Março é apenas isso mesmo... um adiamento para fazer coicidir com a Primavera :-) De resto, é a mesma novela dos Notam's que encerrou o Aeroporto de Santa Maria à meia-noite.

quinta-feira, outubro 18, 2007

37 euros - PDL - SMA

37€ ida e volta (27€ para estudantes)! É a quantia paga por um residente no arquipélago da Madeira para se deslocar entre aquelas ilhas por via aérea.
Ponta Delgada - Santa Maria são 80€.
Dados de 2006:
O Porto Santo movimentou 97.731 passageiros na sua ligação com a Madeira. Dividindo este número de passageiros pelo número de movimentos de aeronaves na mesma rota (4275), podemos concluir que a taxa de ocupação da ligação Madeira-Porto Santo é de 22.86 passageiros por voo.

Santa Maria movimentou 53.842 passageiros "interiores" e teve 1407 movimentos regulares (Satinhas de e para São Miguel, basicamente). Ora, 53842/1407= 38,26 passageiros por voo na ligação PDL-SMA.

4275 ligações com média de 22,86 passageiros, custa 37€ a cada madeirense.
1407 ligações com média de 38,26 passageiros, custa 80€ a cada açoriano.

Aeroporto de Santa Maria crece 1402%


É difícil levar a sério. Mas é a notícia do Jornal de Negócios referindo-se ao aumento de carga movimentada neste aeroporto.
Atenção: no próximo ano não venham dizer que o Aeroporto de Santa Maria desce 600% em carga (1402-600=+802%) e que apesar de tal e tal e tendo em conta o x minúsculo e o y maiúsculo, quando o vento sopra de Sul os pássaros de ferro que voltem para casa.
(foto de António Sequeira no Azoresairphotos)

terça-feira, outubro 16, 2007

Aviação - sector tradicional

"Para fixar os jovens na ilha, Daniel Gonçalves preconiza a criação dum pólo de desenvolvimento de novas oportunidades de emprego, com foco nas novas tecnologias. Por outro lado, defende a aposta nos sectores tradicionais. "Por que não recuperar aquilo que tradicionalmente manteve a ilha durante séculos? A olaria, a exploração fruticultura, a tecelagem e a doçaria", sugere."
Por mais que custe, até a nós próprios, a aviação é, nos Açores... desculpe, em Portugal, um "sector tradicional" de Santa Maria. É obvio que esta indústria vai passar a dar trabalho a cada vez menos pessoas devido às naturais evoluções tecnológicas e outras. Vemos isso em todas as áreas e a aviação não é excepção.
Mas, se nos Açores será cada vez mais necessário uma infra-estrutura para dar apoio à crescente aviação civil que cruza o Atlântico; se este serviço criará postos de trabalho, por poucos que sejam; se este serviço não está dependente de uma massa populacional que lhe dê viabilidade comercial, mas sim de uma infra-estrutura que Santa Maria possui e não vê igual nestas ilhas...
Então porquê o sacudir e puxa-de-um-lado-puxa-do-outro-a-ver-se-cai onde não é preciso?

segunda-feira, outubro 15, 2007

Do fim-de-semana

Do fim-de-semana ficou que o PSD nacional não será empecilho na aprovação do novo-renovado-ambicioso Estatuto Político-Administrativo dos Açores. Arriscavam-se a perder a dita "sua bandeira" do passado - a luta pela autonomia - e assim ver escorregar, mais uma vez, o seu pé que tarda em afirmar-se.

sexta-feira, outubro 12, 2007

A SATA e a separação das águas dos ares

Foi ontem anunciado o nome do novo presidente do Conselho de Administração da SATA (SGPS). O professor universitário António Menezes parece ser a escolha certa de um Governo Regional que sabe que a redoma da sua transportadora aérea irá quebrar-se dentro em breve e que, quando isso acontecer, será necessário um conselho de administração capaz de: enfrentar o mercado livre e competitivo como é o europeu e, quem sabe, também o americano, se o "Open Skies" for avante; de baixar as tarifas inter-ilhas porque, como o próprio escreveu num dos seus trabalhos, apesar de precisarem e quererem mais ligações, os açorianos não estão dispostos a pagar mais para viajar entre as suas ilhas; e de entrar a sério na gestão de aeroportos, conforme o desfecho da privatização da ANA.SA. Será sem dúvida o açoriano com o curriculum mais indicado para o cargo.
Já da sua vogal, ex-directora regional, o curriculum é outro... Mas agora que a cadeira de Director Regional dos Transportes Aéreos e Marítimos está livre, acho que é altura de finalmente separar as águas dos ares. É que, assim sem dar por isso, a aviação é uma das maiores indústrias dos Açores. Ter a Direcção Regional desta indústria afundada nas águas turbulentas do transporte marítimo tem levado os Governos Regionais (todos, porque sempre foi assim ou pior) a chutar para o canto-SATA, quando há um assunto a haver com aviação.
Ora esta ausência de alguém conhecedor e que esteja atento à evolução desta industria tem feito dos Governos Regionais entidades politicamente cegas. Como consequência disso e à excepção da gestão do espaço aéreo e da sua companhia aérea, os Açores são uns farrapos no que toca a aviação.

quinta-feira, outubro 11, 2007

Não há Cavaco. Silvas há muitas!

O Pedro Costa no seu perspicaz Mau Tempo no Jornal levantou a questão de o nosso Presidente não visitar a ilha onde está instalada a estação da ESA, nesta sua visita aos Açores sob o tema das novas tecnologias e do mar. Mesmo sendo uma infraestrutura através da qual Portugal materializa a sua participação no projecto espacial europeu e que veio possibilitar à Edisoft um contrato milionário para monitorização das águas do Atlântico Norte, algo impediu esta visita. O Mau Tempo no Jornal sugere atrasos no projecto... hum... não sei... acho que há algo mais.

quarta-feira, outubro 10, 2007

Parque de Antenas dá boleia

"As empresas Edisoft, INSA (empresa aeroespacial espanhola) e ainda uma empresa do grupo EDA (a SEGMA) vão fazer um consórcio para criar em 2008 a Empresa Açoriana do Espaço. O anúncio foi feito pelo secretário regional da Habitação e Equipamentos, José Contente, durante as comemorações do Dia Mundial dos Correios, em Ponta Delgada. A nova empresa deverá ser criada administrativamente até ao final do ano e vai surgir em São Miguel.
Apesar do nome pomposo, não se trata de uma empresa de produção de tecnologia aerospacial, mas sim de processamento de dados de satélite para fornecer informações essenciais a sectores como a oceanografia, a agricultura ou o urbanismo. A Empresa Açoriana do Espaço criará emprego qualificado e instituições como o Inova ou a Universidade dos Açores poderão ali tentar colocar alguns dos melhores elementos saídos dos seus cursos mais tecnológicos.
A empresa aproveita a boleia das estações da Agência Espacial Europeia e da Edisoft em Santa Maria, servindo de “arranque” para o investimento externo no segmento das novas tecnologias nos Açores. A criação da Empresa Açoriana do Espaço está a ser tratada como um autêntico “projecto de interesse regional”, contando com apoios reforçados do Governo, que podem passar até pela cedência do espaço para a instalação da empresa."
Esta é a notícia na página 7 do AO de 4ª-feira, 10 de Outubro, tendo como fonte a notícia do GACS que, naturalmente, não poderia utilizar a palavra "boleia"... e que de notícia tem pouco, pois, já em Dezembro de 2006, a Intervenção do secretário regional da Habitação e Equipamentos em Santa Maria, em plena "ermida das vitórias", traçou o rumo.

insularignorância - Mais uma prova de que os açorianos não conhecem os Açores

Ainda o Congresso da Carne.
Tomaz Dentinho, um dos colinistas mais activos da ilha Terceira, escreveu isto no União:
O Duarte Mendes , de Santa Maria [deve estar a referir-se a Duarte Moreira?], telefonou-me ontem lamentando o artigo que escrevi sobre a localização do Congresso da Carne em Santa Maria, em que argumentava que o local mais propício deveria ser, ou nas ilhas manifestamente produtoras de carne de bovino como o Pico, ou nas ilhas em que a carne é um sub - produto relevante à estruturante produção de leite, como é o caso de São Miguel ou Terceira. Eu estava enganado. Conforme me informou o Engº Duarte Mendes, Santa Maria tem actualmente uma importante produção de carne de bovino e o Congresso da Carne foi um enorme sucesso. As minhas desculpas aos organizadores e aos leitores, e fico à espera do artigo de resposta que, segundo me disse, iria enviar para melhor esclarecimento dos leitores.
É necessário um trabalho árduo e persistente para reverter esta insularignorância.


segunda-feira, outubro 08, 2007

Congresso da Carne: o que me escapou

Desde o dia 4 de Agosto que tenho umas dúvidas à espera de serem esclarecidas neste III Congresso da Carne que se realizou na ilha de Santa Maria. Mas, até agora, nada!
Porquê no dia 4 de Agosto? Foi nesse dia que o jornal A União noticiou que estava a ser preparado o esquema de abate da Carne dos Açores IGP: seria centralizado na ilha do Pico, pois, esta ilha tem um novo e moderno matadouro e está no centro do arquipélago.
Quais as dúvidas?
- Se os lavradores marienses são dos que mais engordam a estatística dos produtores açorianos certificados IGP;
-Se os lavradores marienses não têm expressão na fileira do leite, ao ponto de até o Corvo ter mais vacas leiteiras e quota leiteira do que Santa Maria;
- Se as condições naturais do pastoreio da ilha levaram a que se investisse as energias neste sector da agropecuária - a carne - em detrimento do leite;
- Se, finalmente, os marienses têm um matadouro totalmente equipado e preparado para ser certificado IGP (depois de serem construídas em todas as ilhas unidades industriais de transformação e outros investimentos no sector da agropecuária - leite, dando-lhes a possibilidade de valorizarem os seus produtos);
Porque razão terão os lavradores marienses de continuar a exportar o seu gado vivo e assim desvalorizar o seu melhor bife?
Porque razão terá a lavoura mariense de continuar a dar sustento apenas ao lavrador e não se desenvolve numa pequena industria transformadora?

Generalizando: porque é que quando estamos no centro do Atlântico somos um rochedo e quando somos uma ilha, somos periferia?

sábado, outubro 06, 2007

Problema Técnico Resolvido

Bill Gates ganhou mais uma vez...

Problema técnico - Firefox vs Explorer

Fomos informados de que quem sintoniza este blogue utilizando o Windows Internet Explorer depara-se com todo o seu texto em maiúsculas, o que lhe descaracteriza graficamente e lhe dá um tom mais arrogante do que aquele que não pretende ter.
Informamos que este blogue é realizado e optimizado para ser acedido através do Mozilla Firefox, no qual este problema técnico não se dá.
Mais informamos que a responsabilidade deste problema técnico não poderá ser imputada a outro que não o proprietário deste blogue. Este admite a sua incapacidade para contornar os apetites comerciais e as birras da Microsoft ao ver-se ultrapassada, nalgumas áreas, por outras empresas.
Vamos nos tentar moldar a esta situação.

Resposta de Costa Neves à minha pergunta


Já foi publicada a entrevista a Carlos Costa Neves " sobre o actual momento do seu partido, o estado da Região e a estratégia para atacar 2008, ano de eleições", que o Açoriano Oriental promoveu, solicitando a participação dos seus leitores.
(olha-me só para estas trombas)


Ora aqui está a pergunta número 5:

5. António
Depois das declarações de Luís Filipe Menezes antes das eleições no PSD em que, por exemplo, afirmou que Costa Neves era um "líder fraco", acha que ainda tem condições para vestir a camisola laranja nas eleições regionais de 2008?

Uma coisa é o que se diz, no calor da campanha eleitoral, numa região que se sabe apoiar outro candidato à mesma eleição, outra é assumir a condição de Presidente do PSD, o partido da Autonomia. O futuro do PSD/Açores depende, exclusivamente, da vontade dos seus militantes.

terça-feira, outubro 02, 2007

A minha pergunta a Carlos Costa Neves

O Açoriano Oriental está a receber perguntas de leitores, a serem colocadas numa entrevista ao líder do PSD/Açores, "sobre o actual momento do seu partido, o estado da Região e a estratégia para atacar 2008, ano de eleições".
Ora, aqui está a minha:

"Depois das declarações de Luís Filipe Menezes na campanha para as eleições internas do PSD em que, por exemplo, afirmava que Costa Neves era um "líder fraco", acha que ainda tem condições para liderar o partido laranja nas eleições regionais de 2008?"

segunda-feira, outubro 01, 2007

Amigos ultra-estrangeiros da autonomia

Numa base aérea da NATO, sob jurisdição militar portuguesa mas efectivamente comandada pela USAFE, facilmente se cria a "possibilidade de introdução de novas valências operacionais".
Numa "base aérea" portuguesa, sob jurisdição civil portuguesa, efectivamente gerida por uma S.A. portuguesa a tarefa torna-se impossível.
Diferença fundamental: presença de instituições autonómicas na gestão de infraestruturas ligadas à primeira base.
Mais vale três amigos ou três irmãos?