sexta-feira, junho 12, 2009

Lucidez

Os Açores começam a dar os primeiros passos no turismo, mas dependem largamente da produção leiteira. É suficiente para assegurar o seu desenvolvimento?
Não, de maneira nenhuma. Os Açores são um bom exemplo do que estava a dizer. Os Açores têm o seu futuro indissoluvelmente ligado ao Atlântico e ao papel do Atlântico. Um Portugal que desvaloriza o Atlântico, é um Portugal que não ajuda os Açores, um Portugal que valoriza o Atlântico é um Portugal que ajuda os Açores. O principal recurso natural dos Açores é o mar, não é os prados que permitem fazer a carne e o leite, que são um bom recurso, mas o mar é mais visível e tem muito maior dimensão. O mar é um recurso que exige muito mais conhecimento para valorizar e, portanto, os Açores precisam de diversificar a sua base económica e de prestar atenção ao mar, e para prestar atenção ao mar e para usar o mar como factor de desenvolvimento económico e social, precisam de apostar na Educação, precisam de atrair actividades de ciência, tecnologia, precisam de se tornar relevantes, não campeões do mundo, mas relevantes naquelas regiões e pólos que fazem riqueza e trabalham em torno do mar. Essa é seguramente uma das áreas de investigação. É preciso chamar o turismo para desenvolver os Açores e não oferecer alguns hectares dos Açores para um turismo indiferenciado. Há uma diferença muito grande entre as duas coisas e seguramente que os Açores podem surgir como uma nova fronteira turística, desde que o turismo seja chamado a contribuir efectivamente para o desenvolvimento dos Açores, ou seja, um turismo sustentável, um turismo diferenciado por exemplo do da Madeira, do Algarve e de outras ilhas que existem no Atlântico. Os Açores têm um conjunto de características e podem desenvolver um conjunto de características não naturais, que são associadas à cultura, à animação, que podem potenciar um produto turístico muito atractivo. Mas, mais uma vez, se Portugal tiver sucesso na construção de um novo aeroporto na região de Lisboa, que seja um aeroporto muito competitivo, feito com portugueses e com operadores internacionais com companhias e-service e low cost, esse aeroporto pode ser uma grande contribuição para o desenvolvimento do turismo dos Açores. Não se pode pensar o desenvolvimento dos Açores só a partir dos Açores, não se pode pensar o desenvolvimento dos Açores como apenas a compensação da insularidade, tem que se pensar os Açores inseridos em Portugal, tem que se pensar que na estratégia de desenvolvimento de Portugal têm que estar coisas em que os Açores se revejam e que sejam muito positivas para os Açores, e depois tem que se desenvolver a nível regional e local os aspectos mais finos dessa estratégia.

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