quarta-feira, dezembro 22, 2010

República deixa de pagar IRS que estava no Orçamento do Estado

"O Governo da República, através do Ministério das Finanças, não transferiu para as autarquias açorianas os 5 por cento do IRS do mês de Dezembro a que têm direito, desrespeitando assim uma norma que está no Orçamento do Estado deste ano e que vinha sendo cumprida desde Janeiro. Ao Açoriano Oriental, o gabinete de imprensa do Ministério das Finanças explicou as razões desta suspensão: “todo o IRS cobrado nas Regiões é entregue às Regiões. Compete às Assembleias Regionais determinar se 5 por cento desse IRS é ou não entregue às autarquias das Regiões. O Governo da República não pode nem deve entregar a totalidade do IRS cobrado nas Regiões acrescido de 5%, pois isso implicaria afectar às Regiões mais receita do que aquela que efectivamente cobraram”. Embora o Ministério das Finanças não tenha respondido taxativamente à questão de vir ou não a transferir ainda a verba de Dezembro, cumprindo com o que está no Orçamento do Estado - apesar da insistência do Açoriano Oriental - a resposta é, no entanto, clara quanto à posição do Ministério sobre esta matéria e que é a de não transferir os 5 por cento do IRS, alegando que deve ser das receitas regionais que ele deve sair e não do todo nacional, no que seria uma ‘dupla’ receita dos Açores. Esta é, aliás, a interpretação do Ministério das Finanças que fez com que essa verba não fosse transferida em 2009 e tal só aconteceu este ano porque foi possível chegar a um acordo político que já não vai, tudo indica, ser possível retomar no Orçamento do Estado para 2011. Fica assim cada vez mais claro que serão os tribunais, aos quais já recorreram algumas câmaras açorianas, a decidir sobre este conflito, que resulta da ‘colisão’ entre as leis de Finanças Locais e Regionais, sendo que nenhuma tem valor reforçado para se sobrepor à outra. Por um lado, a Lei de Finanças Locais prevê que as Câmaras possam receber 5 por cento do IRS que é cobrado nos seus concelhos. Por outro lado, a Lei de Finanças Regionais destina exclusivamente aos Governo Regionais a receita do IRS cobrado nos Açores e na Madeira. O Governo da República entende que devem ser as Regiões a ceder os 5 por cento do IRS às autarquias e o Governo Regional entende que não pode a Lei de Finanças Regionais ser desvirtuada por contradições legislativas criadas pela própria República. E ninguém cede neste processo. O não pagamento da última transferência mensal do IRS de 2010 gerou, entretanto, reacções dos dois principais partidos nos Açores, com o PS a condenar pela primeira vez a intransigência do Governo da República (da mesma cor partidária) nesta matéria e a colocar-se também ao lado da Associação de Municípios dos Açores na sua vontade de resolver o assunto em tribunal. Já para o PSD, o não pagamento pelo Ministério das Finanças dos 5 por cento do IRS de Dezembro configura uma vingança sobre os Açores, após a polémica da remuneração compensatória."

in Açoriano Oriental de 22/12/2010

sexta-feira, novembro 19, 2010

Ao primeiro dia da Cimeira NATO


Ao primeiro dia da Cimeira NATO, enquanto o Airforce One de Barack Obama faz a aproximação a Lisboa, Santa Maria é de novo chamada às suas naturais funções.
Aquela a que chamam Base Militar portuguesa, que na prática é americana e que os EUA querem agora que seja NATO, está impedida devido a condições meteorológicas. Eis uma das razões porque alguns portugueses chamam ao acordo entre estes dois Estados o "Acordo das Lajes" e os americanos lhe chamam "Acordo dos Açores".
Na foto abaixo, ao fundo, vemos um C130 militrar americano. Os restantes são civis que esperavam escalar outra "base" que existe nas Lajes: a Aerogare Civil das Lajes, gerida directamente pela Direcção Regional dos Transportes Aéreos e Marítimos da Secretaria Regional da Economia do Governo Regional dos Açores. Esta infraestrutura aeroportuária, acopolada à base militar, é obrigada a cobrar as mesmas taxas que os restantes aeroportos em seu redor. No entanto, está longe de ter os mesmos custos operacionais (não tem serviço de socorros, manutenção de pista etc) e tira, imoralmente, partido da capacidade de fornecimento de combustíveis lá sediada, por via dos serviços instalados para as forças militares americanas.
Desta forma, a Aerogare Civil das Lajes está a competir deslealmente com Santa Maria que se esforça por ser elemento de coesão e desenvolvimento harmónico dos Açores, tirando partido das suas naturais capacidades.
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domingo, setembro 05, 2010

Setembro

"(...)Basta desse derrotismo que sempre nos corroeu. Temos tanto de invejável em Portugal – e particularmente nos Açores – que muitas vezes nem disso tomamos consciência. Há que nos capacitarmos disto. Mas cabe-nos igualmente tomar consciência da dimensão imensa das realidades que nos rodeiam e do mundo em que estamos inseridos e deixar de acreditar que os governos é que têm, exclusivamente, as soluções dos nossos problemass em suas mãos. É verdade que as pessoas acabam por crer no que lhes é dito nas campanhas eleitorais. Mas deveriam ser mais capazes de discernir por si que o seu voto não é uma entrega cega nas mãos dos líderes, nem estes são os responsáveis por nós e pelos nossos destinos. Não estou aqui a desculpabilizar os governantes, mas numa democracia activa os cidadãos não alienam nos governos as suas próprias obrigações, antes estão vigilantes e são intervenientes, porque a sua acção continua necessária no dia a dia até mesmo nas pequenas coisas, pois são elas que constroem ou permitem as grandes. Quer dizer, o nosso voto não implica um desfazermo-nos da nossa responsabilidade individual em todo o processo cívico. Em relação ao nosso pessimimo atávico, só sairemos dele se nos empenharmos verdadeiramente nesse esforço individual.(...)"

Excerto de texto "Açores, Portugal e a modernidade fugidia - ou a Europa como âncora", da autoria de Onésimo Teotónio Almeida, lido na sessão comemorativa do Dia de Portugal, de Camões e da Comunidades Portuguesas, promovida pelo Gabinete do Representante da República, Angra do Heroísmo, 10 de junho de 2010. Publicado aqui.

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quarta-feira, julho 21, 2010

Obituário Mariense

Faleceu o último homem de cultura mariense de uma geração: Miguel de Figueiredo Côrte-Real.
Sugiro a leitura do texto de Onésimo Teotónio Almeida, aqui, e de Irene de Amaral, aqui.

terça-feira, junho 22, 2010

"Totalmente Contra" mais Campos de Golfe

Catarina Cymbron, delegada regional da Associação Portuguesa de Agências de Viagem e Turismo, responde às questões dos leitores do AO online:
"Qual a sua opinião sobre os Açores como destino de Golfe? Como vê a construção de novos campos de golfe nas ilhas do Faial e de Santa Maria?
Totalmente contra. Um campo de golfe em cada ilha não irá trazer mais turistas para os Açores, além de que sabendo do que se passa hoje com os campos de golfe em S.Miguel que não são rentáveis e todos os problemas à volta, penso ser uma total irresponsabilidade gastar-se mais fortunas na construção e depois manutenção em mais campos de golfe. O golfe nos Açores é o TGV no continente!"
Entrevista aqui
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sexta-feira, abril 16, 2010

terça-feira, abril 13, 2010

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

De que vale “Povo Açoriano”

É no domínio político sobre o território e suas infra-estruturas que os Estados e regiões exercem e afirmam a sua Soberania - mãe da Autonomia que a sustenta. É, portanto, também através dos aeroportos, como infra-estruturas basilares na rede de comunicações internas e externas, que os vários patamares dos órgãos de poder público praticam o princípio de subsidiariedade, assumindo as funções que possam prosseguir de forma mais eficiente e mais adequada do que os órgãos de patamares superiores dos Estados e entidades supra-estaduais, afirmando e defendendo os interesses dos povos que representam.

Na sessão plenária da passada semana da Assembleia Legislativa Regional dos Açores (ALRA) foi a votação a Proposta de Resolução da autoria do PCP/A no sentido de “recomendar ao Governo que desenvolva as diligências necessárias junto da ANA Aeroportos, SA e respectiva tutela para que tomem medidas no sentido da redinamização e reforço da competitividade do Aeroporto de Santa Maria”. Ao baixar à Comissão de Economia da ALRA, foi sugerido ao preponente desta Resolução que, no lugar de Governo Regional, fosse esta Resolução orientada ao Governo da República, “pois a tutela da empresa em causa é o Governo da República.” Ao subir a plenário, com as “devidas” alterações introduzidas, a Resolução foi aprovada por unanimidade.

Perante esta postura, cremos ser tempo de relembrar que esta mesma Assembleia aprovou, também por unanimidade, o conturbado e a muito custo publicado Estatuto Político-Administrativo dos Açores o qual reafirma, no tocante à função executiva do Governo Regional (artº 90º), que “compete ao Governo Regional, no exercício de competências administrativas, superintender nos serviços, institutos públicos e empresas públicas e nacionalizadas que exerçam a sua actividade exclusiva ou predominantemente na Região, e noutros casos em que o interesse regional o justifique”. Mais claro ainda é o seu artº 56º, ao definir as matérias de competência própria da Assembleia Legislativa Regional, determinando que “compete à Assembleia Legislativa legislar em matérias de infra-estruturas, transportes e comunicações e que estas abrangem, designadamente, os aeroportos, aeródromos, heliportos e outras infra-estruturas aeroportuárias civis; os transportes terrestres, marítimos e aéreos;”

A alteração e a aprovação desta Proposta de Resolução reorientando-a para o “saco roto” do Governo da República que tem mais com que se “alco-chatear” e que, nos dias de hoje, mais parece um saco de boxe, manifesta-se como uma fuga à defesa dos interesses dos açorianos e dos desígnios autonómicos. No caso presente, é o reconhecimento tácito pelos órgãos de poder regional de que o Aeroporto de Santa Maria e sua zona habitacional sempre foram e continuarão a ser como que uma “base aérea civil do Governo da República Portuguesa em território açórico”, da qual a Assembleia Regional se demite das suas prerrogativas legislativas.

Somos levados a questionar: de que vale “Povo Açoriano” se o nosso primeiro órgão autonómico afirma que os nossos próprios problemas nos são alheios?

António Sousa Monteiro

13 de Fevereiro de 2010

Publicado em http://jornalacores9.com/Opiniao.html

segunda-feira, fevereiro 15, 2010

Transferências do Estado para os municípios

Este ano não há transferências de Estado para os municípios dos Açores referentes a 5% do IRS cobrado nestes concelhos. Vila do Porto é, proporcionalmente, o concelho mais prejudicado: perde 233 mil euros!
Neste link encontra a tabela das transferências de 2010:

Em 2009 foi assim:

Quadro 1: Transferências de 5% de IRS para os municípios dos Açores em 2009



Quadro 2: Transferências de 5% de IRS para os municípios dos Açores em 2009, excluindo os concelhos de Ponta Delgada e Angra do Heroísmo.



Quado 3: Transferências de 5% de IRS para os municípios dos Açores em 2009 (Ilhas da Coesão e somatório Ilhas de Coesão sem Vila do Porto)