"(...)Basta desse derrotismo que sempre nos corroeu. Temos tanto de invejável em Portugal – e particularmente nos Açores – que muitas vezes nem disso tomamos consciência. Há que nos capacitarmos disto. Mas cabe-nos igualmente tomar consciência da dimensão imensa das realidades que nos rodeiam e do mundo em que estamos inseridos e deixar de acreditar que os governos é que têm, exclusivamente, as soluções dos nossos problemass em suas mãos. É verdade que as pessoas acabam por crer no que lhes é dito nas campanhas eleitorais. Mas deveriam ser mais capazes de discernir por si que o seu voto não é uma entrega cega nas mãos dos líderes, nem estes são os responsáveis por nós e pelos nossos destinos. Não estou aqui a desculpabilizar os governantes, mas numa democracia activa os cidadãos não alienam nos governos as suas próprias obrigações, antes estão vigilantes e são intervenientes, porque a sua acção continua necessária no dia a dia até mesmo nas pequenas coisas, pois são elas que constroem ou permitem as grandes. Quer dizer, o nosso voto não implica um desfazermo-nos da nossa responsabilidade individual em todo o processo cívico. Em relação ao nosso pessimimo atávico, só sairemos dele se nos empenharmos verdadeiramente nesse esforço individual.(...)"